Fusão de Kraft e Heinz coloca mais pressão em fabricantes
Nova York – A iminente fusão da Kraft Foods Group Inc. com a H.J. Heinz está aumentando a pressão sobre outras fabricantes de alimentos para que melhorem seu desempenho ou corram atrás de suas próprias aquisições.
As duas gigantes da alimentação estão se combinando para criar a terceira maior empresa de alimentos e bebidas da América do Norte em um negócio apoiado pela 3G Capital e pela Berkshire Hathaway Inc., de Warren Buffett.
A 3G vem sacudindo a indústria alimentícia com sua propensão por aquisições e pela reputação de realizar cortes de custos implacáveis. Para acompanharem, as rivais do setor de alimentos embalados terão que seguir seu modelo.
A Mondelez International Inc. e a Campbell Soup Co. estão entre as empresas que já estão adotando medidas para reavaliar seus orçamentos e é provável que outras companhias façam o mesmo. O próximo passo, para algumas delas, poderá ser a união de forças.
A Nestlé SA, que enfrentará um competidor mais duro com a nova Kraft Heinz Co., poderia decidir que é o momento certo de apresentar uma oferta pela General Mills Inc., fabricante do cereal matinal Cheerios, avaliada em US$ 32 bilhões, disse Kevin Dreyer, da Gabelli Funds. A transação da Kraft, anunciada na quarta-feira, também aumenta os benefícios da combinação da divisão de salgadinhos da PepsiCo Inc. com a Mondelez, segundo Sachin Shah, da Albert Fried Co., com sede em Nova York.
“Todos no setor pensarão ‘nós podemos ser os próximos, vamos esgotar as possibilidades para aumentar nosso valor como uma empresa independente’”, disse Dreyer em entrevista por telefone, de Rye, Nova York.
A Gamco Investors Inc., empresa-mãe da Gabelli, gerencia ações da Kraft, da General Mills e de diversas outras fabricantes de produtos de consumo. “Se elas não puderem fazer isso de forma independente, então deve haver outras opções estratégicas para muitas empresas”, disse ele.
Em alerta
A produtora de leite de soja WhiteWave Foods Co. e a Diamond Foods Inc., fabricante da marca de nozes Emerald, também estão prontas para uma aquisição, disse Alexia Howard, da Sanford C. Bernstein Co. Buffett e a 3G provavelmente também não deixarão de fechar negócios, embora possam precisar de um hiato para digerir a Kraft. General Mills, Mondelez e Kellogg Co. estão entre seus possíveis próximos alvos.
“Isso coloca o grupo todo em alerta”, disse Brian Yarbrough, analista em St. Louis da Edward Jones Co.
“Existem muitos players no setor de alimentos e há muito pouco crescimento se a empresa não fabrica produtos naturais, orgânicos ou proteínas. Então, como fazer para crescer? Comprando. Acho que esse é só o começo”.
A transação da Kraft, que avalia a fabricante de massas e queijos em cerca de US$ 46 bilhões antes da dívida líquida, é o maior negócio da indústria alimentícia da história. Supera a aquisição da Heinz por Buffett e pela 3G Capital, em um negócio de mais de US$ 23 bilhões, em 2013.
A Berkshire também ofereceu o financiamento para a aquisição da Burger King Worldwide Inc., que pertencia à Tim Hortons Inc. e hoje é propriedade da 3G, no ano passado.
Tornando-se 3G
Quando realiza uma aquisição, a 3G reduz as despesas no alvo.
A firma de investimento de liderança brasileira foi capaz de aumentar a lucratividade até mesmo em empresas que eram bastante eficientes para começar, disse Yarbrough, da Edward Jones. A Kraft e a Heinz buscam a redução de US$ 1,5 bilhão em custos anuais até o final de 2017.
A Nestlé vem sendo considerada uma compradora óbvia da General Mills por alguns analistas e investidores porque as duas empresas já possuem um empreendimento conjunto para a venda de cereais.
Agora, a fabricante de chocolates suíça poderá finalmente sentir a pressão para fazer uma abordagem.
O negócio da Kraft pode ser o maior da indústria alimentícia na história, mas certamente não será o último.
As fabricantes de alimentos “precisam avançar”, disse Shah, da Albert Fried. “Não fazer nada seria algo difícil de engolir”.
Fonte: Exame